sexta-feira, 12 de outubro de 2018

Eleições para a Presidência do Brasil são marcadas por um discurso de ódio que reverbera para as ruas: mortes e agressões já acontecem por todo o país e exigem uma pronta resposta da sociedade


Com o resultado obtido no último dia 07 de outubro, quando brasileiros de todo o país foram às urnas para elegerem seus deputados estaduais/distritais, deputados federais, senadores, governadores e presidente da República, o Brasil agora tem a missão de eleger o seu presidente entre os dois nomes mais votados. O segundo turno de uma eleição é sempre a possibilidade mais promissora para todos nós discutirmos os projetos e planos de governo de cada um dos concorrentes, já que nessa etapa das eleições só nos resta a escolha entre dois. Acontece que, nessas eleições de 2018, não é isso que está se dando.

O Brasil não está discutindo projetos e programas de governo. Essa eleição está marcada por um aspecto estarrecedor: o nível de violência dos discursos de um dos candidatos chegou a tal ponto que, não se contendo em ficar só nas palavras, extrapolou para as ruas e o país está submerso em um clima de violência política nunca visto em nossa história. O discurso de ódio e os gestos de violência desse candidato, que chegou ao cúmulo de orientar uma pequena criança em seu palanque a fazer o movimento com as mãos de como se atira com uma arma de fogo, não foi contido a ponto de evitarmos que essa violência chegasse às ruas. Todos nós, como sociedade, tratamos essas excrecências de forma pouco séria. Esse tipo de conduta e palavras proferidas por esse candidato não poderiam ser vistos de forma tão permissiva como o fizemos. O Ministério Público e a Justiça Eleitoral deveriam ter atuado com rigor para coibir esse tipo de ação fascista.

O que vemos hoje é a extrapolação desse discurso e dessas condutas para as ruas, causando uma onda de violência com a qual não tínhamos costume em conviver no Brasil. No último período, desde quando começaram as atividades de campanha eleitoral, o país está estarrecido com a violência a olhos nus promovida pelos eleitores desse candidato: no Amazonas, aluno persegue e atira mesa contra professor; em Belo Horizonte, mulher é agredida ao dizer que não votaria no referido candidato; em Curitiba, estudante da UFPR é agredido e quase morre por usar um boné do MST; em Salvador, um capoeirista é morto por apoiadores desse candidato; em Natal, professor é ameaçado de morte por pai de aluno; no Rio de Janeiro, irmã da vereadora morta Marielle Franco é reconhecida e agredida com seu filho no colo; em Maceió, mulher é agredida por afirmar que não votaria no mencionado candidato; em Porto Alegre, mulher é atacada, agredida e teve marcada em seu corpo, com navalha, o símbolo da suástica nazista. Os casos não param de acontecer e de se proliferar pelo Brasil afora. Atinge pobres e ricos e tampouco faz distinção entre anônimos e famosos. O comediante Marcelo Adnet deu declarações públicas de ameaças que vem sofrendo e reconheceu estar sentindo medo. A jornalista Mirian Leitão, do Grupo Globo de Comunicações, também está sofrendo ameaças depois de escrever um artigo condenando a ditadura militar brasileira, que ocorreu entre 1964 e 1985, no Brasil.

Alguém já disse que não é necessária a vitória desse candidato para sentir na pele no que o país se transformará com a sua eventual vitória. Esse é o candidato sem projetos para o país e que sequer tem coragem de participar dos debates eleitorais nesse segundo turno, tradição em todo o mundo nessa etapa das eleições. O caldo de violência já foi propalado e o país vive um momento permissivo com esse discurso de ódio propagado pelas redes sociais, já na campanha eleitoral, que o Tribunal Superior Eleitoral se mostra incapaz de conter. As pessoas estão se sentindo autorizadas a praticar atos de violência nas ruas contra quem pensa diferente. Até representantes do poder público, a quem caberiam assegurar a primazia da lei no país, estão permissivos com esse clima. O delegado que atendeu a jovem na delegacia em Porto Alegre teve a pachorra, acreditem, de dizer que o símbolo marcado em sua pele, não era a suástica nazista, ao contrário do que todos viram nas redes sociais, divulgado pela própria vítima depois do lamentável ocorrido.

Temos em nossas mãos a possibilidade de barrar a atrocidade que representa a eventual vitória desse sujeito que fomentou, com discursos de ódio e gestos de violência, o estarrecedor momento por qual passamos. No dia 27 de outubro, temos a responsabilidade de dar um basta nesse clima de ódio que assolou o nosso país. O Brasil não vai aderir a esse clima!

Do site da CNTE.

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