Quando a categoria de profissionais da Educação se questiona a respeito das dificuldades encontradas para a aprovação de leis que possam beneficiá-la, não encontra resposta porque muitas das vezes esquece que trabalhador é também político. Um demasiado número de colegas embarca na concepção ingênua de que entidades de classe não devem se envolver com política partidária. Veja bem, não estou aqui a afirmar que nossos sindicatos não devam ser autônomos. Sindicatos não devem mesmo servir de instrumento para os interesses de partidos políticos. A independência é primordial para a sobrevivência de uma entidade de classe. Por outro lado, convém aqui ressaltar a existência das famosas bancadas evangélicas, ruralistas e outras. Elas recebem o apoio desses setores para terem seus interesses defendidos. Quem pode afirmar que eles não fazem isso muito bem? Alguém acredita que o SINTE-RN mostrou-se indiferente ao longo da campanha em todo o estado?
E nós, educadores de Parnamirim? Quem temos para representar e defender nossos anseios? Em Natal, os professores e a sociedade em geral mostraram como é que se elege um legítimo representante de classe. Fizeram de Amanda Gurgel a mais votada. E nós de Parnamirim? O que fizemos? As opções foram apresentadas. E muito boas, por sinal. As oportunidades não faltaram. Porém, uma parcela significativa dos educadores da rede municipal de Parnamirim, sobretudo os que aqui residem, estão entregando suas aspirações, suas reinvidicações a políticos como Elienai Cartaxo, Valério, Diniz, Clênio, entre tantos outros. Por certo, acreditam que eles vão representá-los condignamente. Nas campanhas, eles usam nossas bandeiras como metas deles próprios. Pura hipocrisia.
Considerável número de pessoas com cargos comissionados envolvem-se nas campanhas de seus candidatos. Estão elas equivocadas? Não. Estão fazendo seu papel. O emprego delas depende da permanência de seus representantes políticos no poder. E elas cumpriram muito bem a tarefa. Esse dever de casa nós ainda não aprendemos.
Partindo desses pressupostos, cabe-nos deixar a seguinte pergunta: Por que candidatos como Celino e Eron, educadores com trajetória de luta, comprometidos com a classe trabalhadora e com projetos concretos para beneficiar nossa categoria não seguiram o mesmo caminho de Amanda Gurgel? Nossos candidatos estavam aí e nós permitimos que eles fossem derrotados. E lá, foram colocados aqueles que vão virar as costas para nós na primeira oportunidade.
Os horizontes poderiam ter sido clareados, mas as portas permanecem fechadas. E continua a história: nossos direitos continuarão sendo negados e nada vai ser conseguido sem luta. Não se trata de ganância, não se trata de sede pelo poder, trata-se de contar com aliados, pessoas que, de fato, se identifiquem com nossos interesses. Precisamos de pelo menos um vereador que apresente na Câmara nossas propostas e projetos. Entretanto, por mais quatro anos, ninguém vai estar lá para falar por nós.
Cada educador, que se diz formador de opinião, devia entender que sua apatia, sua indiferença e sua neutralidade só contribuem para o estabelecimento daqueles cujas propostas deixam de ir ao nosso encontro.
Será ingenuidade o fato de professores acharem que não são capazes de mudar esse quadro ou há interesses ocultos? Pelo sim e pelo não, foi feita a vontade deles. Cada um tem o que merece.
Prof. Ademar Rebouças
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