quarta-feira, 2 de julho de 2014

“No Brasil, a carreira docente está entre as menos atrativas no mercado de trabalho"

Em apresentação para os integrantes do Conselho Municipal de Educação de São Paulo (CME-SP), no último dia 15 de maio, a mestre em educação pela Universidade de São Paulo (USP), Luciana França Leme, apresentou pesquisa em que evidencia falta de interesse de ingressantes em cursos de licenciatura para seguir com a profissão de professor. De acordo com Luciana, “no Brasil, a carreira docente está entre as menos atrativas no mercado de trabalho”.

Após ter entrevistado alunos das licenciaturas em física, matemática e pedagogia no dia de suas matrículas na USP, a pesquisadora constatou que 52%, 48% e 32% dos estudantes destes cursos, respectivamente, afirmaram que não querem ou têm dúvidas quanto a ser docentes na educação básica.

Entre as conclusões apresentadas, a pesquisa identificou que as licenciaturas atraem pessoas em condições de maior vulnerabilidade, com menor renda familiar e com piores desempenhos escolares, quando comparadas a de outras carreiras/cursos.

Ao comparar a realidade da USP com a de outras instituições brasileiras, Luciana afirmou que há semelhanças quanto ao nível socioeconômico dos licenciandos. “Além disso, o desempenho desses alunos no exame da Fuvest [Fundação Universitária para o Vestibular] foi inferior não somente em relação à Medicina, como em todos os demais cursos da USP. Sendo assim, para esses respondentes, a licenciatura parecia ser uma das poucas alternativas possíveis para ingresso nessa universidade”, relatou a pesquisadora em sua pesquisa.

Apesar do pouco interesse constatado, Luciana destacou que a atuação dos docentes ainda é compreendida como a principal responsável pela qualidade do ensino transmitido aos alunos. “Dos fatores internos da escola, pesquisas evidenciam que o trabalho docente é o que mais tem efeito na aprendizagem do aluno”, ressaltou.

Como uma de suas conclusões, a pesquisa de Luciana apontou que “o reconhecimento do professor como o único profissional a deter o repertório de conhecimentos e habilidades para o ensino colaboraria para melhorar a atratividade do magistério na educação básica”.

Ser ou não ser professor

Para compreender porque estes cursos de licenciatura foram escolhidos na inscrição do vestibular, Luciana perguntou quais seriam as razões que motivaram as escolhas dos alunos. Enquanto para os estudantes de matemática o principal motivo foi o “gosto pela área de educação”, os alunos de física e matemática apontaram que escolheram a respectiva licenciatura pelo “gosto pela área de exatas”. (Veja quadro abaixo)


Concluindo sua apresentação, a pesquisadora destacou uma série de desafios para a maior atratividade da carreira docente. “Um de nossos desafios é pensar se queremos melhorar a atratividade para buscar os ‘melhores’ ou se queremos realmente compreender os motivos de atração da carreira, diagnosticar e intervir”, questionou.

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